a imprecisão de um horizonte pressentido
domina os sentidos
embriagados de silêncio e de imagens sem cor
aqui, o ar não se banha na luz
e a terra
esqueceu o fascínio das giestas em flor
a espaços
sinto nas pedras gastas
as agruras calcorreadas por deuses e mendigos,
unidos na condenação de existirem
a beleza da desolação
só transparece nas vozes dos anjos
e na aceitação dos dogmas da fé
EM - AUSÊNCIA DE MARGENS - JOÃO CARLOS ESTEVES - EDITA-ME
domingo, 31 de janeiro de 2016
sábado, 30 de janeiro de 2016
Eu sou poesia - EDA DAMÁSIO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA POETA LUCÍLIA DOWSLLEY VIA MARIZA SORRISO
Sou vinho de guarda
que o tempo tempera
Adocicando espero
Fermento sensações,
sonhos, espantos
Na solidão, adega escura,
transmuto-me a cada instante
Embriago a alma
dou asas às palavras
E me deixo sorver pelo poeta
EM - UM BRINDE À POESIA - ANTOLOGIA - DOWSLLEY EDITORA
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Teus olhos - EMANUEL LOMELINO
Foi nesse teu olhar que mergulhei
irresponsável seria não mergulhar
apesar de nem saber como nadar
o certo é que em teus olhos nadei.
Tu perguntas-me: como? Não sei!
Outra resposta não te poderia dar.
Mas enquanto eu estava a bracejar
juro-te, amor, o perigo eu ignorei.
Em verdade digo que não lamento
esse feliz instante, breve momento
em que teus olhos me enfeitiçaram.
Neles recuperei a vontade de viver
agora sei que não pretendo perder
esses teus olhos que me salvaram.
EM - IMPULSAÇÕES - EMANUEL LOMELINO - CHIADO EDITORA
irresponsável seria não mergulhar
apesar de nem saber como nadar
o certo é que em teus olhos nadei.
Tu perguntas-me: como? Não sei!
Outra resposta não te poderia dar.
Mas enquanto eu estava a bracejar
juro-te, amor, o perigo eu ignorei.
Em verdade digo que não lamento
esse feliz instante, breve momento
em que teus olhos me enfeitiçaram.
Neles recuperei a vontade de viver
agora sei que não pretendo perder
esses teus olhos que me salvaram.
EM - IMPULSAÇÕES - EMANUEL LOMELINO - CHIADO EDITORA
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Geometria - ÂNGEL MAGALHÃES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Geometria de meu corpo
onde na certa calculas teu desejo
equação delirante de teus lábios
multiplicação problemática
aliada nos murmúrios
em noites de luar.
Geometria que me adivinhas
me desafias
me provocas
pontos de sensibilidade
estudados tal um ritual
desespero de estudar
num som apaixonado
teu gemido que me prova
exame de minhas loucuras
gosto de pecado.
EM - PECADOS - NAS ASAS DO DESEJO - ÂNGEL MAGALHÃES - EDIÇÕES OZ
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
És só meu - VERA SOUSA SILVA
Silencio o tempo
em cascatas de sons
num tropeço regular
de cadências e quimeras.
Anoiteço melodiosa
na espera pesada
empunhando espadas,
combatendo as badaladas
do relógio que te grita
a ausência.
Desembaraço os nós
da distância sórdida
e mergulho-te na alma,
abraçando-a, tomando-a,
e por instantes...
... és só meu!
EM - ATÉ AMANHÃ - VERA SOUSA SILVA - LUA DE MARFIM
em cascatas de sons
num tropeço regular
de cadências e quimeras.
Anoiteço melodiosa
na espera pesada
empunhando espadas,
combatendo as badaladas
do relógio que te grita
a ausência.
Desembaraço os nós
da distância sórdida
e mergulho-te na alma,
abraçando-a, tomando-a,
e por instantes...
... és só meu!
EM - ATÉ AMANHÃ - VERA SOUSA SILVA - LUA DE MARFIM
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
O fim da dor - ELIANA CALIXTO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA POETA MARIZA SORRISO
A dor de uma saudade é dor que rasga o peito
Maltrata e entristece, é dor que não tem jeito
Do irmão, do pai, do amigo, é sempre igual
E as lágrimas nos olhos, consequência natural
Saudade é dor profunda, seja onde for!
Mas quando atravessarmos os portais da vida
O que antes era apenas uma lembrança querida
Irá se transformar em vida verdadeira
E a eterna união é a glória derradeira
De quem traz no coração as marcas do amor
E os céus se abrirão qual sonho ou fantasia
E tudo será luz, louvor e alegria
E os anjos que partiram voltarão, despertos
E correrão pra nós, com seus braços abertos
E anunciarão o fim de toda dor!
EM - ENTRE O SAMBA, O FADO E A POESIA - COLECTÂNEA - DOWSLLEY EDITORA
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Abraços - JACQUELINE AISENMAN
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA POETA JACQUELINE AISENMAN
Meus braços se abrem e abraçam o mundo
com o mesmo carinho que se fecham
em torno de ti.
Em minutos ou segundos
as flores do amor desabrocham
plenas de vida em si.
A liberdade de amar é um pássaro solto.
Teus braços, meu ninho.
EM - VARAL ANTOLÓGICO 5 - ANTOLOGIA - DESIGN EDITORA
domingo, 24 de janeiro de 2016
1 - XAVIER ZARCO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
escreve-se a palavra mar e o mar
os chama
como chama que corre nas entranhas
não da palavra homem
mas do homem que raul brandão refere
que só tendo a morte
quase certa
não vai ao mar
o mar que esta palavra mar nomeia
EM - INDÍCIOS PARA UM CÂNTICO POVEIRO - XAVIER ZARCO - TEMAS ORIGINAIS
sábado, 23 de janeiro de 2016
Salvação - ANA CASANOVA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
É quando mais morro
De amor e dor
Que me agarro à escrita
Pobres vocábulos
Libertos por uma boca farta!
Metáforas que se agarram
A uma folha de papel
E que me salvam a vida...
EM - À FLOR DO TEMPO - ANA CASANOVA - EDIÇÃO AUTOR
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
Abstenção - JACQUELINE AISENMAN
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Faça de conta,
espere sentado
e, se cansar,
faça as contas:
depois de tudo
e ainda assim
e mais por cima,
o que está errado?
O mundo não caiu,
apenas ruiu,
e aqui dentro
de mim algo pensa
e dispensa comentários.
EM - PINTURA INGÉNUA - JACQUELINE AISENMAN - DESIGN EDITORA
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
Azul e verde - OLINDA BEJA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
em nosso mar de azul e verde vestido
se banharam e espelharam nossos corpos
brônzeos corpos de amor sedentos
e o revolto mar nos ofertou
medusas e corais
e algas e peixinhos azuis
e redes para balouçar desejos
e nossos brônzeos corpos
se despiram de longes terras
e foi a mansão aquática
o nosso lugar de amor
tal como Antígona vim ao mundo
para retribuir o amor, não o ódio
EM - O CRUZEIRO DO SUL - OLINDA BEJA - EL TALLER DEL POETA
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Hesitantes, as palavras* - GRAÇA PIRES
Hesitantes, as palavras
procuram um ponto de partida,
um recomeço.
Manejo a corda de amarrar
as dobras do tempo
diluindo os nós de sangue
no recuo dos lábios.
Quero descobrir, num vinco de texto,
a caligrafia ajustada ao barro
que molda um favo de puríssima luz
só visível em gramáticas de espanto.
EM - UMA CLARIDADE QUE CEGA - GRAÇA PIRES - POÉTICA EDIÇÕES
procuram um ponto de partida,
um recomeço.
Manejo a corda de amarrar
as dobras do tempo
diluindo os nós de sangue
no recuo dos lábios.
Quero descobrir, num vinco de texto,
a caligrafia ajustada ao barro
que molda um favo de puríssima luz
só visível em gramáticas de espanto.
EM - UMA CLARIDADE QUE CEGA - GRAÇA PIRES - POÉTICA EDIÇÕES
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Verão do amor - ADELAIDE SIMÕES ROSA
Quando o luar enfeitiçou o nosso amor,
O teu olhar incendiou meu coração,
A sombra da noite refrescou o calor
Que incendiou os nossos corpos em turbilhão.
À beira-mar, naquela tarde de Verão,
Caiu a noite sobre a praia desnudada,
No som sonoro das ondas uma canção
Que escutamos ao sabor da madrugada.
Da tua boca labaredas crepitavam
Que queimavam a minha ardentemente,
Nossos corpos na areia se abraçavam...
Enquanto o mar baloiçava docemente,
Nossos corpos adormeciam cansados
Pelo Verão no nosso amor sempre presente.
EM - INALTERADO SENTIR - ADELAIDE SIMÕES ROSA - PASTELARIA STUDIOS
O teu olhar incendiou meu coração,
A sombra da noite refrescou o calor
Que incendiou os nossos corpos em turbilhão.
À beira-mar, naquela tarde de Verão,
Caiu a noite sobre a praia desnudada,
No som sonoro das ondas uma canção
Que escutamos ao sabor da madrugada.
Da tua boca labaredas crepitavam
Que queimavam a minha ardentemente,
Nossos corpos na areia se abraçavam...
Enquanto o mar baloiçava docemente,
Nossos corpos adormeciam cansados
Pelo Verão no nosso amor sempre presente.
EM - INALTERADO SENTIR - ADELAIDE SIMÕES ROSA - PASTELARIA STUDIOS
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Geograficamente ser - GLAUCO BIENENSTEIN
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA POETA MARIZA SORRISO
Sou chuva, cansaço,
regato, inverno e verão.
Primavera, outono,
festa, família e solidão.
Sou gente, escumalha,
vento, calor, liberdade.
Doutor, senhor, um canalha,
fome, velhice e puberdade.
Sou quietude, moralidade,
esgoto e satisfação.
Montanha, perversão e tempestade,
membrana viril de pura ilusão.
Sou de tudo um pouco
que na linha do tempo e da vida
preenche o oco
da alma ora doce ora ardida.
EM - ENTRE O SAMBA, O FADO E A POESIA - ANTOLOGIA - DOWSLLEY EDITORA
domingo, 17 de janeiro de 2016
Asas da poesia - LUCÍLIA DOWSLLEY
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA POETA LUCÍLIA DOWSLLEY VIA MARIZA SORRISO
Vem liberta o meu ser
Transborda no papel
O que eu não consigo escrever
Inflama as asas da poesia
nas minhas vértebras
Colore meu branco viver
Muito além de mim
Vozes ecoam palavras sagradas
Faces múltiplas na mesma face
Vento avassalador
O sopro da criação
Revela a musa, inspiração
Gota por gota
Muito além a ecoar
Um brinde à poesia.
EM - UM BRINDE À POESIA - ANTOLOGIA - DOWSLLEY EDITORA
sábado, 16 de janeiro de 2016
Alcantarilha - VÍTOR CINTRA
A ti chegaram gregos e fenícios,
Também cartagineses, lusitanos,
Mas são muito mais fortes os indícios
Que falam da presença dos romanos.
Em ti se aquartelaram legiões,
Mais tarde derrotadas p'los alanos
Caídos, logo após as invasões,
Lançadas p'los califas muçulmanos.
À beira dessa estrada que corria
De Silves até Faro, as capitais,
Ergueram-te muralhas de vigia.
Mas quando a reconquista aí chegou,
Com cercos e combates radicais,
Também Dom Paio Peres te tomou.
EM - RUÍNAS DA HISTÓRIA - VÍTOR CINTRA - LUA DE MARFIM
Também cartagineses, lusitanos,
Mas são muito mais fortes os indícios
Que falam da presença dos romanos.
Em ti se aquartelaram legiões,
Mais tarde derrotadas p'los alanos
Caídos, logo após as invasões,
Lançadas p'los califas muçulmanos.
À beira dessa estrada que corria
De Silves até Faro, as capitais,
Ergueram-te muralhas de vigia.
Mas quando a reconquista aí chegou,
Com cercos e combates radicais,
Também Dom Paio Peres te tomou.
EM - RUÍNAS DA HISTÓRIA - VÍTOR CINTRA - LUA DE MARFIM
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Ilícita - ÂNGEL MAGALHÃES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Líquido que em mim derramas
substância ilícita do meu prazer
bocas provocantes que se amam
que se murmuram palavras obscenas
que não se privam de se respirarem intensamente
cavalgando ao som dos gemidos que se procuram,
desejos ferozes e deliciosos em corpos que se agitam
que se tremem devorando momentos intensos de gozo
libertam o sabor do prazer
substância ilícita do meu pecado.
EM - PECADOS NAS ASAS DO DESEJO - ÂNGEL MAGALHÃES - EDIÇÕES OZ
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Catarse - MARISA QUEIROZ
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA POETA MARIZA SORRISO
Hoje resolvi libertar:
meus cachorros
meu riso
minha voz
minhas pragas
minhas frangas
minhas feras
minhas asas
meu foguetório
meus segredos
meus ais...
ais de amor
amor não dito
não confessado...
sentido...
De tanto libertar tudo
sinto-me mais leve
meu estômago se acalmou
minha cabeça silenciou
meu peito suspirou
e meu coração comemorou.
Te amo!
EM - ENTRE O SAMBA, O FADO E A POESIA - ANTOLOGIA - DOWSLLEY EDITORA
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Separação - MARIZA SORRISO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Não chores minha pequena
O amor é mesmo isto
Nos eleva o espírito
E nos enche de alegria
Mas o amor quando cessa
É isso mesmo, é da vida
Somente um outro amor
Pode sarar a ferida
Agora te posso dizer
Que este amor que faz falta
Que te mata de paixão,
Aquele mesmo que um dia
Te transbordou de emoção,
Também chora no vazio
De um outro coração.
EM - DAS RAÍZES DO CORAÇÃO - MARIZA SORRISO - SAPERE EDITORA
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Em plágio de vida - JOÃO CARLOS ESTEVES
tudo o que existe para além da luz
pertence a um reino onde a verdade
nasce do plágio inconsciente
a força da palavra está no acto que a insemina,
na consciência que a transforma
e na paixão que a apropria
é no ocre da folha solta
que impera o sentido da árvore
EM - AUSÊNCIA DE MARGENS - JOÃO CARLOS ESTEVES - EDITA-ME
pertence a um reino onde a verdade
nasce do plágio inconsciente
a força da palavra está no acto que a insemina,
na consciência que a transforma
e na paixão que a apropria
é no ocre da folha solta
que impera o sentido da árvore
EM - AUSÊNCIA DE MARGENS - JOÃO CARLOS ESTEVES - EDITA-ME
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Repousa em minhas mãos... a saudade! - ANNA D'CASTRO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA POETA MARIZA SORRISO
Guardei em minhas mãos todos os espaços...
Mas sabe-me a pouco o muito que vejo
Meu corpo divaga entre ironias e cansaços
Com saudades da minha terra e do meu Tejo...
Os sonhos... os desejos... são arte... são vida...
A arte sonha com sentimentos e desejos...
Os desejos sonham com o Amor sem despedida
E o Amor divaga no calor duns doces beijos...
Guardo em minhas mãos tantos anseios...
Quantas lágrimas amargas lavam meus seios...
E quanta dor de amor... de tanta maldade...
Pudesse eu abraçar o mundo com os teus braços
Que já abraçaram com tanto amor a felicidade...
E agora em minhas mãos repousa só a saudade!
EM - ENTRE O SAMBA, O FADO E A POESIA - ANTOLOGIA - DOWSLLEY EDITORA
domingo, 10 de janeiro de 2016
Barcas - VÍTOR CINTRA
Cruzam-se as portas dos desconhecidos,
Barcas afrontam ventos e marés;
Homens em busca de mundos perdidos,
Olhos atentos em cada convés.
Mandam os mestres. "Roda agora o leme
Rumo ao poente", p'ra alcançar o sul.
Levam nas barcas gente que não teme
Monstros que habitem nesse mar azul.
"Dá pano à gávea!... Olha a bujarrona!"
Gritam as vozes, no fim da bonança,
Sopram os ventos, já a barca dança.
Crescem as ondas, as fúrias à tona,
Soltam fantasmas, que estão na lembrança,
Crescem gigantes, mas a barca avança.
EM - ROMEIROS DOS OCEANOS - VÍTOR CINTRA - LUA DE MARFIM
Barcas afrontam ventos e marés;
Homens em busca de mundos perdidos,
Olhos atentos em cada convés.
Mandam os mestres. "Roda agora o leme
Rumo ao poente", p'ra alcançar o sul.
Levam nas barcas gente que não teme
Monstros que habitem nesse mar azul.
"Dá pano à gávea!... Olha a bujarrona!"
Gritam as vozes, no fim da bonança,
Sopram os ventos, já a barca dança.
Crescem as ondas, as fúrias à tona,
Soltam fantasmas, que estão na lembrança,
Crescem gigantes, mas a barca avança.
EM - ROMEIROS DOS OCEANOS - VÍTOR CINTRA - LUA DE MARFIM
sábado, 9 de janeiro de 2016
II - DANIEL AFONSO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
pensar breve
este tempo
passar devagar
cada momento
como uma eternidade
olhar em cada gota
o oceano imenso
estou nesta brevidade
passagem
meditada dos sentidos
revisito-me
numa esperança acordada
cada instante
cada hora
penso o tempo
no olhar de todos os mundos
na luz do acordar
no acontecer da noite
EM - DIAS DE SETEMBRO - DANIEL AFONSO - UNIVERSUS
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Nem um soldado prà colónia - JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES
Transeunte, de comício,
roçou-me, imediato e ávido.
No reservatório de gelado
suficiente uma gasosa
e o zip tangente.
Magote de pacotilha,
bandeiras e barulho símio
a cabide na guerra.
Anuímos aos ajuntamentos e
desirmanaram
e taparam
uma dívida de magma.
EM - UM TOLDO VERMELHO - JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES - RELÓGIO D'ÁGUA
roçou-me, imediato e ávido.
No reservatório de gelado
suficiente uma gasosa
e o zip tangente.
Magote de pacotilha,
bandeiras e barulho símio
a cabide na guerra.
Anuímos aos ajuntamentos e
desirmanaram
e taparam
uma dívida de magma.
EM - UM TOLDO VERMELHO - JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES - RELÓGIO D'ÁGUA
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Uso das palavras - ANA CASANOVA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
Há os que comem palavras
Os que as interiorizam
Os que as saboreiam
As idealizam, as idolatram
As namoram, as sonham...
Não suporto os que as cospem!
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Caminho de lua - JOSÉ MANUEL MARTINS PEDRO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Prateia o mar uma rua
Rua que o luar forjou
Caminho feito de Lua
Quem foi que por ela andou?
Podia levar meus passos consigo
Ir de praia em praia, de mar em mar
Até encontrar o porto de abrigo
Onde teus braços me vão guardar.
EM - AO SABOR DO VENTO E DA MARÉ - JOSÉ MANUEL MARTINS PEDRO - UNIVERSUS
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
V - JOÃO MIGUEL FERNANDES JORGE
Osso ilíaco direito. Suaviza-se em curva rendilhada e
logo, espectral, embocadura de míscaro
sob a velada forma do primeiro fumo da noite; cai
a mais leve fadiga - púbis -
dramático, truculento, esquivo no derradeiro instante.
Possui o impulso de
firme enredo
que se desfaz à maneira de um olhar sobre o jardim passado.
Arco; conduz a habitação furtiva
e subjuga
até um ponto capaz de ver coisas que não existem.
EM - JARDIM DAS AMOREIRAS - JOÃO MIGUEL FERNANDES JORGE - RELÓGIO D'ÁGUA
logo, espectral, embocadura de míscaro
sob a velada forma do primeiro fumo da noite; cai
a mais leve fadiga - púbis -
dramático, truculento, esquivo no derradeiro instante.
Possui o impulso de
firme enredo
que se desfaz à maneira de um olhar sobre o jardim passado.
Arco; conduz a habitação furtiva
e subjuga
até um ponto capaz de ver coisas que não existem.
EM - JARDIM DAS AMOREIRAS - JOÃO MIGUEL FERNANDES JORGE - RELÓGIO D'ÁGUA
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Mãos vazias - MARIA ROSA MARQUES
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
Aonde estás amor?
Teu espírito não sinto
tua alma numa nuvem voou
vagueia...
perdida num labirinto
flutua...
na bruma esquecida
arrastada...
pela brisa, já sem vida
envolta em mil perfumes
atordoada...
Não há estrelas no teu olhar
perdi a luz para me guiar
tua boca emudeceu...
teu coração já não é meu
Vazio o coração
estendo meus braços na escuridão
EM - RENASCER - NAS ASAS DE UM SONHO - MARIA ROSA MARQUES - EDIÇÕES OZ
domingo, 3 de janeiro de 2016
Tempos - MARIA JOSÉ LACERDA
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA
O tempo sem tempo
Para perder
O tempo todo
Para viver.
Foge o tempo
Do meu tempo
Condena-me o tempo
A mexer
A não parar
Continuar, sem parar
A viver.
Vivo o tempo, no momento
Já sem tempo
Para perder
O tempo todo
Para viver.
EM - ESCRITUS E RABISCUS - MARIA JOSÉ LACERDA - UNIVERSUS
sábado, 2 de janeiro de 2016
Jantar de negócios - JORGE GOMES MIRANDA
Meios sorrisos,
três doses de fanecas,
água mineral,
cintos de segurança
à mesa.
Sancionando perdas e ganhos
em cada gesto.
Todos muito solenes
de gravata
no sexo.
EM - ESTE MUNDO, SEM ABRIGO - JORGE GOMES MIRANDA - RELÓGIO D'ÁGUA
três doses de fanecas,
água mineral,
cintos de segurança
à mesa.
Sancionando perdas e ganhos
em cada gesto.
Todos muito solenes
de gravata
no sexo.
EM - ESTE MUNDO, SEM ABRIGO - JORGE GOMES MIRANDA - RELÓGIO D'ÁGUA
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
Passagens - ALEXANDRE CARVALHO
LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
Tempo que passa
tempo que muda
tempo que nos ultrapassa
tempo que nos transforma
tal insecto na sua metamorfose
como na poesia sem estrofe.
Tempo que se perde com amigos
muito pior perder amigos com o tempo
assim nos devemos perder
para não nos perdermos com o tempo.
Tempo que passa
no despertar
que poderemos fazer?
Dormir ou sonhar
ou ir para a faina lutar
faz o que tens que fazer!
Tempo que passa
no momento ausente
lembramos amizade e amor
a diferença tão fria da falta
do carinho, a palavra, o teu calor
nos momentos presentes pouco importava...
afinal uma necessidade tão premente
no tempo que passava!
EM - CAVALETE COM POESIA - ALEXANDRE CARVALHO - UNIVERSUS
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